Os líderes autoritários e totalitários reservaram parte das verbas de publicidade do Estado para se auto promoverem. Nasceu um culto à personalidade que idealizava as qualidades do líder e o tornava um quase deus. Suas fotos eram afixadas nas paredes de prédios públicos, nas salas de aula, nas estações do transporte, nos grandes out doors das principais praças, nas fábricas, e o auge era reservado para os dias de festas. Nas festas nacionais o maior cartaz da comemoração era a imagem do grande líder, fosse ele um timoneiro ou um professor renegado, ou ainda um pintor fracassado.
Lá estava a sua foto bem grande para que soldados desfilassem sob ela. Os líderes eram vistos como verdadeiros país dos pobres, redentores do povo, transformadores da sociedade, enfim um semi deus. Lá estava ele passando as tropas em revista, preparadas para uma guerra não se sabe contra quem. Já nas democracias o culto à personalidade ou não existia, ou quando muito, durava uns quatro anos, porque havia eleição e a rotatividade do mandatário.
Passados os períodos de grandes líderes autoritários e o desenvolvimento da democracia, o Estado deixou de investir grande verbas para enaltecer o chefe supremo. Sobrou uma foto do chefe do executivo em repartições públicas, mas nada que lembrasse o culto do passado. No entanto o nome do governante, fosse ele um prefeito, governador ou presidente era destacado nas placas de obras públicas. Elas já estavam embutidas nos preços das obras e as empreiteiras contratadas em licitações escabrosas colocavam no local mais visível. O valor também era fixado para que o contribuinte tivesse uma ideia do que estavam fazendo com o seu dinheiro. Depois, com a proibição, o nome do governante de plantão deixou as placas,e as pinturas dos carros oficiais,ambulâncias e outros out doors ambulantes. Hoje se resume a " esta é mais uma obra do governo municipal, estadual, federal". Seque a marca escolhida pelo governante para o seu período à frente do poder executivo.
As verbas públicas destinadas a " divulgar informações para o público" são imensas.A publicidade estatal deixou de ser uma exaltação do líder e virou uma moeda de troca por reportagens favoráveis ao governo, destaques para o time governante e fotos e espaços generosos para o chefe do executivo. Com isso o Estado influencia a mídia e divulga o que não precisa ser divulgado.Engana o contribuinte e os tribunais de contas que justificando que " precisa informar a população". Faz propaganda com o dinheiro do contribuinte como se ela fosse tão necessária como é para as empresas privadas. As informações relevantes são publicadas na mídia, tradicional ou cibernética, gratuitamente, porque são prestações de serviço público. A mídia não faz mais do que sua obrigação em divulgar. São concessões públicas não precisam receber verbas para anunciar que no sábado vai ter uma campanha de vacinação. Mas o Estado é vaidoso, reflete a personalidade do governante que embute nos seus anúncios ardilosamente a campanha para a eleição seguinte.
Heródoto Barbeiro - escritor e jornalista da RecordNews e R7.com